Coronavírus: infectologista dá dicas a caminhoneiro
Médico fala sobre cuidados para uso de banheiros e restaurantes
Não é porque passa boa parte do dia sozinho na boleia que o caminhoneiro está imune ao novo coronavírus. Em toda parada, seja para carregar, descarregar, comer, abastecer ou ir no banheiro, as chances de contágio são inúmeras. Por isso, todo cuidado é pouco nos próximos meses.
Conforme explica o médico Rafael Mialski, membro da Associação Paranaense de Infectologia, o vírus não voa, mas é arremessada para distâncias de mais de metro por um espirro ou tosse e permanece vivo em qualquer superfície por vários dias, seja a mesa do restaurante, os talheres, a torneira do chuveiro ou os próprios papéis que o motorista carrega na cabine.
“Se o amigo caminhoneiro encosta a mão numa dessas superfícies contaminadas e depois leva essa mão à boca, ao nariz, ou aos olhos, o risco é muito grande”, afirma. Por isso é que os médicos insistem para todo mundo higienizar as mãos o maior número de vezes, seja com água e sabão ou com álcool em gel.
De acordo com o infectologista, o caminhoneiro não precisa deixar de usar os banheiros dos postos. Pode tomar banho e sentar no vaso sanitário sem risco, desde que lave as mãos adequadamente após colocá-las em torneiras, na própria tampa do vaso ou em qualquer outra superfície.
“O vírus não passa pela pele, só pelas mucosas que são tecidos moles como a boca, o nariz e os olhos”, explica. O risco é sempre levar o corona para dentro do organismo ao passar a mão contaminada nessas mucosas.
O médico diz que o brasileiro vai ter de se acostumar a parar de cumprimentar as pessoas seja com abraços, beijos e mesmo aperto de mão. “É difícil porque somos um povo caloroso, mas é importante tomar essas medidas”, alega. O vírus vai da mão de uma pessoa para a da outra com facilidade.
O álcool em gel deve ser um companheiro de boleia dos caminhoneiros. Mas o médico conta que não é preciso desperdiçar o produto (que anda em falta) na higienização da cabine. “Para limpar a estrutura de dentro do caminhão pode ser com qualquer desinfetante como o Veja”, explica.
Mialski também aconselha todos os caminhoneiros a se vacinarem contra a gripe, cuja campanha foi antecipada pelo governo. Isso porque adquirir um dos vírus da gripe e o corona ao mesmo tempo pode levar a complicações fatais. “Muita gente não gosta de tomar vacina da gripe porque acha que a vacina causa a própria doença. Isso é uma lenda. No máximo que uma pessoa pode ter quando toma a vacina é um efeito colateral, como dor no local ou uma indisposição. Mas vale a pena se vacinar”, afirma o infectologista.
Por último, ele aconselha todo mundo a manter a saúde em dia. “Trazer sob controle diabetes, hipertensão ou outras doenças”, sugere. A maior parte das mortes ou internamentos causados pelo corona está relacionada a outras doenças pré-existentes e à idade do paciente.
Fonte: Carga Pesada