Dar a seta no trânsito te livra de multa e contribui para um trânsito mais “parceiro” e coletivo

Dar a seta no trânsito te livra de multa e contribui para um trânsito mais “parceiro” e coletivo

Quantos botões, manivelas ou acessórios existem no painel de um carro? Se você pensar em veículos antigos, vai encontrar duas ou três chaves (sim, são chamadas de chaves aquelas “alavancas” que acionam o limpador de para-brisas, por exemplo). Mas os modelos mais recentes contam com diversos comandos – inclusive do rádio, do telefone celular e até do ar condicionado – tudo ali, literalmente ao alcance das mãos do motorista, muitas vezes no próprio volante.

Então, por que é que tantos condutores insistem em não acionar uma das chaves mais importantes: a seta?

Dirigindo por conta própria

Está na lei: “Antes de iniciar qualquer manobra que implique um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar seu propósito de forma clara e com a devida antecedência, por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou fazendo gesto convencional de braço” (Art. 35 do Código de Trânsito Brasileiro). E o não cumprimento dessa medida tão simples pode custar caro ao bolso do motorista: a infração é grave, com multa de R$ 195,23.

Mas na avaliação do advogado e consultor jurídico especialista em trânsito, Cristiano Baratto, o problema está muito mais ligado à educação. “São questões de boas práticas de trânsito. Não está na legislação a sinalização dos ciclistas, por exemplo, mas o motorista tem a obrigação de dar a seta ao fazer uma manobra.”

Se o motivo da seta desligada é o esquecimento, é porque a ação ainda não se tornou hábito. E, para que se torne, é necessária a repetição. Uma boa dica é transformar o ato de dirigir em um ato mais consciente – no sentido da percepção, mesmo. “O mundo moderno está exigindo muito de nós e isso causa as imprudências. Ao invés de acelerar, vamos reduzir, não só no trânsito, mas na vida. Para quê tanta velocidade? Por que essa urgência de chegar tão rápido?”, pondera Baratto.

Foi a pressa e – por consequência – a falta de atenção, que derrubou a personal trainer Alenise Duarte da moto, em 2018, no Bairro Alto. Mas não foi ela quem se distraiu, foi a motorista do carro de trás. “Eu estava parada na preferencial, ela bateu na minha moto e eu caí. A justificativa foi de que ela só olhou para os carros que estavam vindo na outra rua. Ela só esqueceu de olhar para quem estava na frente dela”, lembra. A motociclista machucou a perna e teve um pouco de trabalho para erguer a moto novamente, mas o que marcou o dia, mesmo, foi a falta de empatia da causadora do acidente: “Ela não foi muito gentil enquanto eu estava tentando juntar a moto do chão… Mas no final deu tudo certo”.

Por um trânsito mais empático

A empatia é o carro-chefe (desculpe o trocadilho) do Movimento Maio Amarelo 2021. Com o mote “Respeito e Responsabilidade: pratique no trânsito”, a campanha internacional de conscientização para redução de acidentes no trânsito quer reforçar o papel de cada usuário nas ruas e estradas.

E é importante destacar que todos são usuários, inclusive os pedestres. “Um dever dele é cruzar na faixa”, reforça Baratto. E os ciclistas, também. Ainda mais depois do boom do setor, que teve um incremento nas vendas em 50% no ano passado. Com mais ciclistas nas ruas, os motoristas devem redobrar a atenção. Vale a regra do “maior para o menor”: “Os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.” (Art. 29, CTB).

Distanciamento social

Tornar as ruas e estradas menos violentas é possível com medidas muito simples, já previstas no Código Brasileiro de Trânsito (e também nas regras de bom senso). Baratto destaca que, assim como indicar a intenção de virar à esquerda ou direita, manter a distância do veículo à frente é uma destas medidas. “Temos sempre que imaginar que um veículo pode parar bruscamente.

É a tal da direção defensiva.” É essa consciência que pode ajudar a reduzir o índice de três mil mortes por dia – o que coloca o trânsito na posição de nona maior causa de mortes no mundo. “O meu excesso de velocidade pode violar alguém, machucar alguém. E eu posso ser o causador ou também a vítima”, lembra Baratto. E ele complementa com uma frase que se aplica bem ao momento em que estamos vivendo:  “A prevenção é a melhor opção”.

Fonte: Tribuna do Paraná

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